Eixo III - Resistência(s)

Ementa:

Este eixo propõe reunir pesquisas e experiências que investiguem as múltiplas formas de resistência articuladas por sujeitos, coletivos e organizações da sociedade civil diante das violências de Estado — históricas e atuais — e dos legados da ditadura civil-militar no Brasil. A resistência é compreendida como gesto político-discursivo e prática que atravessa corpos e tempos, convocando a memória como território em disputa entre silenciamentos, apagamentos e retomadas. Diante do avanço do conservadorismo, do autoritarismo e da militarização da vida social, torna-se urgente refletir sobre formas de enfrentamento que desafiem a ordem colonial, patriarcal, racista e capitalista. Valorizamos a produção de sujeitos coletivos que, a partir das margens — e contra elas —, mobilizam lutas contra coloniais e antirracistas. Destacam-se o protagonismo de povos originários, comunidades negras, periféricas e camponesas, movimentos feministas, LGBTQIAPN+ e de trabalhadores e trabalhadoras precarizados. Este eixo acolhe trabalhos que abordem experiências de resistência políticas, culturais, comunitárias, institucionais ou estéticas, realizadas ou protagonizadas em contextos formais, não formais ou informais, e que contribuam para a justiça social e a reparação histórica. São bem-vindas reflexões que questionem formas hegemônicas de conhecimento e evidenciem práticas insurgentes de (re)existência nas intersecções entre classe, raça, gênero e sexualidade. A arte, nesse contexto, é compreendida como linguagem radical de intervenção, espaço de elaboração de memórias interditadas, de crítica à normalização da violência e de afirmação de outros modos de vida. Interessa-nos, portanto, a resistência não apenas como enfrentamento, mas como potência criadora no reflorestamento de imaginários.